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Ternium adquire a CSA, da Thyssenkrupp, por R$ 4,9 bilhões
Após ter investido em torno de € 8 bilhões para erguer o complexo siderúrgico da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), e não ter obtido nada de retorno, o grupo alemão Thyssenkrupp fechou ontem a venda da empresa para a companhia ítalo-argentina Ternium. O negócio foi fechado pelo valor de € 1,5 bilhão (o correspondente a R$ 4,9 bilhões).

A Thyssen tentava se livrar da CSA desde 2012, pouco depois de a siderúrgica entrar em operação em 2010, ainda com problemas operacionais e ambientais. A CSA está situada em Santa Cruz, distrito do Rio de Janeiro. Entrou em operação em meados de 2010 e dispõe de capacidade para fazer 5 milhões de toneladas de placas (aço plano semiacabado que é utilização na laminação de chapas).

O grupo industrial e de tecnologia Thyssenkrupp comunicou ontem à noite a venda da siderúrgica brasileira. A Ternium já havia mantido interesse pela CSA em 2012, mas as negociações não avançaram. No ano passado, logo depois que a Vale se desfez de sua parcela de 27% na siderúrgica para a própria Thyssen, os ítalo-argentinos voltaram a negociar.

O valor da operação com - pagamento de € 1,26 bilhão em dinheiro, segundo informou Thyssen, foi baseado na avaliação da CSA em 30 de setembro (data do balanço fiscal 2015/2016). A diferença, € 300 milhões, referem-se a uma dívida contraída com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES).

A aquisição pode ainda abrir caminho para a solução do conflito com a Nippon Steel envolvendo a Usiminas. Desde 2013, os dois acionistas disputam a gestão da siderúrgica. As desavenças ganharam tal dimensão, com afastamento de executivos da Ternium e questionamentos de decisões do conselho, que acabaram parando na Justiça de Minas.

Com isso, o grupo alemão põe fim à sua aventura no setor nas Américas. Em 2014 se desfez de da laminadora no Estado de Alabama (EUA), vendida por valor semelhante aos grupos ArcelorMittal e Nippon Steel & Sumitomo. "Com a venda da CSA, nos separamos definitivamente da Steel Americas. Isso é um marco importante no redirecionamento da Thyssenkrupp para um grupo industrial forte", disse Heinrich Hiesinger, CEO do grupo, na nota. A companhia informou que receberá entrada de fluxo de caixa que reduzirá expressivamente sua dívida financeira. E lembrou que firmou acordo com a Ternium para que continue fornecendo 2 milhões de toneladas de placas de aço da CSA por ano, em contrato até 2019, para a laminadora (Calvert) do Alabama.

Com um novo ativo, só seu, um caminho é uma possível saída da Usiminas vendendo sua parte aos japoneses, ou levando ativos. A unidade de Cubatão (SP), que tem operações de laminação de aço, faria sentido, pois iria complementar a usina da CSA. E Cubatão tem também um porto.

Segundo a Ternium, em comunicado, os ativos a serem adquiridos tiveram no ano calendário de 2016 vendas anuais consolidadas de € 1,6 bilhão, despachos de 4,3 milhões de toneladas e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de € 256 milhões.

A Ternium antecipa que vai financiar a aquisição com empréstimo bancário e espera começar a consolidar o balanço da CSA e os resultados das operações a partir do terceiro trimestre de 2017.

"Ao concluir essa transação, a Ternium está incorporando mais uma usina siderúrgica de última geração ao seu parque industrial. Isso vai permitir aumentarmos nossa diferenciação e fortalecer nosso negócio em setores industriais estratégicos na América Latina", afirmou o presidente da companhia, Daniel Novegil.

Fonte: Valor Econômico